A crise financeira internacional já bateu às portas dos 400 entrevistados entre 7 e 9 de outubro. Aproximadamente 26% disseram que reduziram as compras de alimentos da cesta básica. Outros 24% deixaram de gastar com lazer. Também houve corte no consumo de artigos de vestuário (19% dos pesquisados) e atraso no pagamento de prestações (20%).

Os consumidores revelaram ainda que a volta da inflação de um modo geral – apontada por 35% dos entrevistados – e, especialmente, o aumento do preço dos alimentos (30%) são os principais temores causados pela crise.
Cesta básica encaresse
O custo da cesta básica subiu em 15 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), segundo estudo divulgado no último dia 6. O aumento dos preços dos alimentos, depois de dois meses de queda, pressionou o resultado.
Segundo o Dieese, em outubro, o salário mínimo necessário para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família (com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência) deveria ser R$ 2.014,73. O valor 4,85 vezes o piso nacional (R$ 415), maior, portanto, que o de setembro quando correspondia a R$ 1.971,55, conforme a instituição.
A crise já atingiu em cheio o carrinho de compradas da dona de casa Maria Helena Silva. “Minha compra do mês ficava entorno de R$ 250. Agora, ultrapassa a casa dos R$ 300, mesmo comprando só o necessário”, afirma. Para ela, a receita é ter cautela na hora das compras e passar mais vezes no supermercado. “A saída é pesquisar bastante e comprar em pequenas quantidades à espera de preços mais em conta.”
Nadando contra correnteza

Desde janeiro deste ano, o preço do feijão caiu 35,5%, revelou pesquisa da pesquisa da Secretaria Municipal de Abastecimento (Smab). O quilo do produto que no início de 2008 chegou a custar, em média, R$ 6,61, passou a ser vendido nos hipermercados em Belo Horizonte, no mês de novembro, a R$ 4,26. No mesmo período, o arroz subiu R$ 31,7%. Porém, desde maio, o grão apresenta estabilidade. O saco de cinco quilos que era comercializado a R$ 11,02 naquele mês, atualmente aparece nas gôndolas por R$ 11,11, em média.
Fazia tempo que o litro de leite não estava tão barato. Nos supermercados, o preço do produto longa vida caiu quase 5% nos últimos doze meses, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas. O que fez o preço do leite cair foi o aumento na oferta. Até o início do ano, os produtores recebiam R$ 0,20 a mais em cada litro vendido. “De olho nas exportações, eles investiram em tecnologia e aumentaram a produção em 20%. Mas as vendas para fora do país não aconteceram e sobrou leite no mercado”, explica a coordenação da pesquisa.
Supermercados de Minas
O crédito mais caro e escasso nos bancos forçou os supermercados a reverem investimentos e a cortarem planos de expansão previstos para o ano que vem em Minas Gerais. Embora a expectativa das empresas seja de uma retração de vendas localizada nos departamentos de bens duráveis, a exemplo dos eletroeletrônicos, como efeito da crise financeira mundial, algumas redes já decidiram pelo adiamento de projetos e o setor vai investir no mínimo R$ 50 milhões a menos em 2009, na comparação com os números deste ano, informou o presidente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), José Nogueira Soares Nunes.
O volume de recursos deverá cair a R$ 130 milhões, frente aos desembolsos de 2008, que deverão alcançar R$ 180 milhões. “Há uma cautela natural neste momento, já que empréstimos nos bancos ficou mais difícil. Não houve cancelamento de projetos, mas alguns deles foram adiados”, disse o presidente da Amis.
A Associação Mineira de Supermercados ouviu 20 empresas associadas, na tentativa de perceber o

“Não se trata de um otimismo sem fundamentos. Os supermercados são o setor menos afetado pelas crises cíclicas da economia e pela falta de crédito”, justifica o presidente da Amis. Ainda assim, Nogueira Soares disse que em 2009 serão necessários mais promoções e um trabalho redobrado de convencimento dos fornecedores para o varejo evitar reajustes de preços.