Eliminar as fronteiras nacionais e substituir as bandeiras que representam as nações por outra com simbologia única – a imagem do planeta Terra. Estes foram alguns dos principais pontos levantados pelo médico e coordenador-geral do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, 65 anos, em debate acerca de “Maio de 68”.
Na clandestinidade como guerrilheiro e após sobreviver às perseguições, intensificadas com Ato Institucional Número Cinco (AI-5), Apolo viajou pelo mundo e retornou ao Brasil para assumir cadeira no Partido dos Trabalhadores (PT) de Minas Gerais. Com o fim do encanto pela política partidária, ele decidiu implementar o Projeto Manuelzão. “Quando deixei o PT senti como se tivesse morrido. Minha vida havia perdido o sentido, assim como as minhas ideologias políticas”, disse.
O renascimento de Heringer para as causas sociais se deu pela autoria do projeto que viria a se tornar uma referência na busca pela revitalização dos rios que compõem a Bacia do Rio das Velhas. “A volta dos peixes aos rios dos 51 municípios que compõem a bacia é o nosso objetivo. Isso significa a melhoria da condição de vida das pessoas que moram naquelas margens”, destaca o ambientalista.
Segundo Apolo Henriger, a bacia hidrográfica do Rio das Velhas foi escolhida como foco de atuação por ser uma forma de superar a percepção municipalista das questões ambientais. Ele salientou as dimensões dessa bacia que deságua no Oceano Atlântico. “O Rio das Velhas, cujas nascentes estão localizadas em Ouro Preto, é o maior afluente, em extensão, da bacia do rio São Francisco.”
O ativista participou, no último dia 30, do debate “Do Movimento Estudantil ao Movimento Ambientalista”, promovido pelo curso de Comunicação Social da Faculdade Estácio Sá – BH. A discussão fez parte do projeto “1968: o sonho acabou?”, que contou com a participação de sociólogos, jornalistas e militantes no ciclo de debates sobre o legado dos “anos de chumbo”.
Perfil
Além de idealizador e coordenador-geral do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer é fundador do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco e presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas. Também escritor, ele atua ainda nas ações contrárias à transposição do rio São Francisco. Médico graduado pela UFMG, em 1967, ele é especialista em Pneumologia pelo Centro Hospitalar Universitário de Beni-Messous (Argel), e em Epidemiologia, pela Universidade Livre de Bruxelas. Professor da Faculdade de Medicina, atua também como supervisor do Internato em Saúde Coletiva, conhecido como Internato Rural, da instituição.
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